Silva Jardim: o Republicano e o Vulcão Vesúvio e a Rua, seus bondes e trólebus

Na postagem anterior, sobre o livro Ventos do Mar, onde destaquei a parte do livro que trata da abolição da escravatura e a campanha republicana na cidade de Santos, um trecho sobre Sílva Jardim, me chamou a atenção:

"Desiludido com a República, viajou à Europa, onde morreu, perdido entre as lavas do Vesúvio."

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Sim, o republicano Sílva Jardim morreu na Itália, engolido pelas lavas do Vulcão Vesúvio, em Pompéia.

Do Almanaque Brasil, o trecho:

Silva Jardim

“Com alguns níqueis no bolso e uma garganta, também se pode abrir caminho para a república”, dizia Antônio da Silva Jardim. Aos 15, já brigava pelo fim da monarquia, exaltando Tiradentes. Promoveu o primeiro comício republicano, em janeiro de 1888, em Santos (SP). No Rio, atacado por monarquistas, defende-se com garrafas de vinho, licor e telhas do clube em que outro comício se realiza. Radical, tramou golpe de Estado para afastar Pedro II. Enganou-se. Bastou uma parada militar em 15 de novembro de 1889. No novo regime, ficou afastado do poder. Desgostoso segue para a Europa. Visitando Pompéia, em 1º de julho de 1891, subiu a encosta do Vesúvio. Sinais de fumaça indicavam que o vulcão não estava para visitas. Insistiu, queria chegar até a cratera. Na borda, uma fenda se abre e engole o mais atuante propagandista republicano, aos 30 anos.

A RUA SILVA JARDIM EM SANTOS

Silva Jardim, em Santos, foi um batalhador pela República. E, anos após sua morte, virou nome de rua. A rua Silva Jardim, que atualmente é um importante corredor que liga a região do Mercado Municipal até a avenida Afonso Pena e também teve seus tempos de bondes e de trólebus.
O mapa abaixo, obtido no levantamento de patrimônio da City, em 1951 na transferência para o S.M.T.C., mostra os trilhos de bondes instalados naquela rua:

Todos os trilhos da antiga City foram documentados, rua por rua, antes de passarem para o SMTC

BONDES

O Bonde 8: Linha extinta em 16/6/1966

À partir de 1913, a rua Silva Jardim se transformou em uma importante via de circulação de bondes que se dirigiam à então Vila Macuco, que era o bairro mais populoso de Santos até os anos 1960. 

Pela rua Silva Jardim circularam as linhas de bonde 5, 8 e 18 que seguiam naquela via desde a Praça Iguatemi Martins até a Xavier Pinheiro. E também havia a linha 25, que chegava na Silva Jardim, vinda da Conselheiro Nébias, pela rua Luiza Macuco. 

As linhas 5 e 25 faziam ponto final na chamada travessa S.M.T.C., hoje um pequeno trecho da rua José do Patrocínio junto ao início da rua Almirante Tamandaré, junto a Rodrigues Alves (veja a postagem Sob o Asfalto). As linhas 8 e 18 eram mais curtas, faziam seu ponto final na rua Luiz Gama, entre as ruas Batista Pereira e 28 de Setembro. 

A linha 8 foi extinta em 16 de Junho de 1966. A linha 18 já havia sido extinta antes.

Para a criação da nova linha 8 de trólebus, que passaria pela rua Silva Jardim, foi extinta a linha 5 e a linha 25 foi transferida para o cais em outubro de 1966.

TRÓLEBUS

Letreiro da Linha 8 de Trólebus

Em 1966 foi iniciada a implantação da nova linha de trólebus de Santos: a linha 8: Praça Mauá - Oswaldo Cochrane - via Rua Silva Jardim. 

O chamado Trólebus do Macuco englobaria algumas linhas de bondes que ligavam a Cidade ao Macuco. Como a fiação dos bondes não é compatível com a fiação dos trólebus (estes utilizam dois cabos, já os bondes, apenas 1, e também com voltagens diferentes), primeiramente foram desativadas as linhas de bondes e retiradas as respectivas redes aéreas. Em seguida, deu-se início à implantação da rede aérea de trólebus.

Em 24 de Outubro de 1966 a linha de trólebus 8 foi inaugurada, cerca de 15 dias após os bondes terem saído da Silva Jardim.

A Rua Silva Jardim, em 2004. Daquela época até hoje pouco mudou

Posteriormente, por ser uma ótima via de ligação centro-bairro, a Silva Jardim passou a ter mão única de direção. E apenas a rota centro-bairro do trólebus foi mantida na rua, sendo a volta para o centro transferida para a rua Campos Melo, paralela à Silva Jardim. A foto da arborizada rua, de Outubro de 2004, mostra os suportes da rede aérea do trólebus na rua Silva Jardim. Aqui, os fios dos trólebus já não aparecem, já que os elétricos deixaram a linha 8 em 1993*, quando foram substituídos por ônibus comuns, sendo assim até hoje.


*agradecimentos a Werter de Jesus que corrigiu a informação sobre o ano em que os trólebus deixaram a linha 8.