Trólebus de Santos

Trólebus de Santos
desde 1963

Santos - São Paulo - Brasil


Troleicarro - Filobus - Trolleybus - Obus - Trolebúses

Cronologia da instalação do
Serviço de Trólebus da Cidade de Santos
(em operação desde 12 de agosto de 1963)

O moderno trólebus Mafersa que está em Santos desde 1988

Os "troleibus" - como eram chamados e grafados na época - eram sinônimo de modernidade e eram bastante aguardados pela população. A cidade de Santos contava com ônibus e bondes, estes populares, porém sem perspectiva de expansão. Os trólebus aparentemente seria uma mistura de ônibus com bondes - neste caso pelo fato de ambos serem movidos à eletricidade.

Esta página foi extraída do antigo site Trólebus de Santos com dados revisados e atualizados, baseados em pesquisas feitas desde 2003, especialmente em  matérias dos jornais A Tribuna e Cidade de Santos, pesquisadas na Hemeroteca Roldão Mendes Rosa, de Santos. Outros sites e publicações foram utilizados, bem como informações valiosas prestadas pelo pesquisador Allen Morrison que diretamente colabora ao longo dos anos com dados como fotos e mapas, que ajudaram a montar este quebra-cabeças que é a história dos trólebus santistas, que nunca tiveram uma pesquisa tão a fundo (como a dos bondes, por exemplo). O objetivo desta página é servir de bases para possíveis pesquisas escolares, acadêmicas ou por interesse histórico.

INTRODUÇÃO

O início da implantação do serviço de trólebus de Santos deu-se em 1959, mas entraves econômicos e burocráticos a operação somente foi iniciada em 1963.

Os chamados "ônibus elétricos" foram bem aceitos pela população, porém problemas com manutenção das redes, e a constante falta de energia elétrica em Santos no final dos anos 1960 e início dos 1970 provocaram problemas e transtorno da população com relação ao transporte movido à eletricidade (trólebus e bondes).

Além disso, à partir de 1968 o governo local privilegiou a aquisição de ônibus à diesel, seguindo o exemplo de outras cidades e, de certa forma, seguindo também a recomendação do governo federal da época. Com isso, no país, ao final dos anos 1960 e início dos 1970 foram extintos os serviços de bondes em todas as cidades do Brasil, assim como os serviços de trólebus - estes com exceção das cidades de São Paulo e de Santos. Somente ao final da década de 1970 é que a ideia dos trólebus foi retomada.


O INÍCIO 


Os trólebus já haviam sido implantados com sucesso desde 1949 em São Paulo, SP. Movidos à eletricidade, como os bondes, os veículos eram mais confortáveis, econômicos e duráveis do que os ônibus comuns.

Já em Santos, o então S.M.T.C. (Serviço Municipal de Transportes Coletivos), empresa municipal que em 1951 sucedeu a The City of Santos Improvements Company na área de transportes coletivos, resolveu implantar o novo tipo de veículo elétrico em meados dos anos 1950.

Foto do "Manual do Proprietário", o trólebus FIAT Marelli, fabricado na Itália e cujo modelo foi importado para Santos


Segue então a cronologia da implantação do serviço de "troleibus" de Santos:

  • 1955: é aberta a licitação para implantação do Serviço de Trólebus de Santos.
  • 1958: o então presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira, o JK, em visita a Santos, assina a autorização para a importação de 50 trólebus de fabricação da FIAT italiana.
  • Início da década de 1960: Começaram a ser debatidos os itinerários e modo de implantação dos trólebus em Santos. 
  • Curiosidade: Em 1963, poucos dias antes da chegada do primeiro lote de 5 trólebus, de um total de 50 unidades encomendadas da Itália, a Câmara de Vereadores sugeriu que o SMTC eliminasse os ônibus à diesel e ficasse apenas com trólebus e bondes.


O PROJETO INICIAL



Foto do Trólebus FIAT antes de embarcar para Santos

O projeto original dos trólebus previa 7 linhas, inicialmente:

•linha 1 - da Praça Rui Barbosa ao Orquidário
•linha 2 - da Praça Rui Barbosa ao Ferry Boat
•linha 3 - da Praça Mauá à rua Estados Unidos da Venezuela
•linha 4 - da Praça Mauá à praça Hipólito do Rego, no canal 4
•linha 5 - da Praça Mauá à av. Almirante Cochrane
•linha 6 - da Praça Mauá à praça Visconde de Ouro Preto, na Ponta da Praia
•linha 7 - da praça Mauá à rua Vergueiro Steidel, no bairro do Embaré.

A primeira linha prevista para entrar em operação seria a linha 2 da lista acima, porém, por ainda não haver a rede aérea ligando o Canal 5 ao Ferry Boat, a primeira linha efetivamente instalada foi a linha 5. Mas, devido aos bondes ainda fazerem ponto final na Praça Mauá, o ponto inicial escolhido para os trólebus foi a rua Martim Afonso. À exceção da linha 5, a numeração planejada para as linhas acabou não sendo utilizada, e sim, utilizadas numerações semelhantes as dos bondes que estavam sendo extintos, como as linhas 8 (prevista como linha 7) e 4 (prevista para ser a linha 2), para facilitar a memorização dos itinerários pela população (o mesmo ocorria com os ônibus à diesel).
Com a implantação acontecendo, foram estendidos ou alterados alguns dos itinerários originais e outros englobados.

- Linha 1 - foi efetivada como linha 53, em 1964.
- Linha 2 - foi efetivada somente em abril de 1967, como linha 4
- Linha 3 - foi efetivada no final de 1967, porém seu ponto final alterado para a Praça Coração de Maria, ficando com o itinerário estendido da linha 44.
- Linha 4 - foi um itinerário que seria um reforço da linha 2, depois efetivada como linha 4 até o Ferry Boat.
- Linha 5 - efetivada conforme projeto.
- Linha 6 - não foi efetivada. O ponto final seria onde está o Hospital do Zona Leste, também conhecido como Pronto Socorro do Macuco.
- Linha 7 - foi efetivada como Linha 8.


O interior do trólebus FIAT antes de embarcar para o Brasil com as janelas traseiras características do modelo


Um dos pontos importantes para a instalação dos trólebus era evitar as vias onde houvessem bondes, já que ambos utilizam a fiação aérea, porém diferentes: os trólebus utilizam dois fios e, os bondes, apenas um. A ideia também era a de manter as principais linhas de bondes, portanto os trólebus cobririam locais onde basicamente não havia bondes. Os bondes eram "reis absolutos" das avenidas da praia, no Cais, na avenida Ana Costa, Conselheiro Nébias, Canais 1 e 2 e avenida Pedro Lessa. Então, os trólebus seguiriam por outras vias, que foi o que inicialmente aconteceu: canal 3, avenida Epitácio Pessoa, Ferry Boat, Galeão Carvalhal, Floriano Peixoto. Depois, a Conselheiro Nébias foi escolhida para ser um novo tronco para os trólebus.

  • 1963, 06 de Junho: Desembarque no Porto de Santos de 5 trólebus Fiat Alfa-Romeo Marelli - Pistoiese, importados da Itália, com capacidade para 95 passageiros, sendo 52 sentados e 43 em pé, idênticos aos trólebus importados pelas cidades do Rio de Janeiro e Salvador, no Brasil. Foram os primeiros de um total de 50 comprados pela prefeitura santista. Eles foram fabricados em Turim, na Itália e, naquele país, embarcados no porto de Livorno. Havia uma plaqueta, no interior do trólebus com a inscrição FIAT com informações em italiano. Vale lembrar que a FIAT ficou popularmente conhecida no Brasil apenas a partir do final dos anos 1970 com a fabricação de automóveis.

ajustes finais para a inauguração do serviço de trólebus de Santos


  • 1963, 12 de agosto: Inauguração do serviço de trólebus de Santos, com a implantação da Linha 5 – Praça Visconde de Itaboraí (avenida Afonso Pena com o canal 5), no então extenso bairro do Macuco (que posteriormente foi desmembrado em outro bairro, o Estuário, em 1968 e também perdeu suas terras para o então novo bairro da Aparecida). O preço da tarifa era a mesma dos ônibus: Cr$ 40,00 (quarenta cruzeiros). O ponto inicial era na rua Martim Afonso, ao lado do Centro Português de Santos.
O trólebus chamou a atenção da população na inauguração.
Em destaque o cruzamento da rede aérea do trólebus (2 fios) com a do bonde (1 fio).


    Veja como era o primeiro itinerário da Linha 5 de trólebus:

    5 - Pça VISC DE ITABORAÍ
    via Washington Luiz

    ida
    Rua Martim Afonso
    Rua João Pessoa**
    Rua da Constituição**
    Praça Padre Champagnat
    Rua Carvalho de Mendonça**
    Av. Washington Luiz
    Rua Embaixador* Pedro de Toledo**
    Av. Dr. Epitácio Pessoa**
    Av. Almirante Cochrane
    Praça Visconde de Itaboraí***

    volta
    Av. Almirante Cochrane
    Av. Dr. Epitácio Pessoa**
    Rua Embaixador* Pedro de Toledo**
    Av.Washington Luiz
    Rua Almeida de Moraes
    Rua da Constituição**
    Rua Bittencourt
    Rua Martim Afonso, esquina com Amador Bueno

    *hoje rua Governador Pedro de Toledo
    **na época essas vias eram de mão-dupla, e a rua João Pessoa não era larga tal como conhecemos hoje, em quase em toda a sua extensão.
    ***É a praça que fica no cruzamento do canal 5 (Almirante Cochrane) com a Afonso Pena, onde no mesmo local também seria o ponto final da linha 45 de trólebus (em 1967).



    TRÓLEBUS NO PÁTIO DA ALFÂNDEGA


    Apesar do apelo popular e da isenção inicial das taxas alfandegárias para os 5 primeiros trólebus que desembarcaram no porto de Santos, os demais 45 trólebus e equipamentos, como subestações, ficaram ao relento no pátio da Alfândega de Santos durante alguns meses, devido ao não pagamento dos valores devidos a Receita. Isso acabou atrasando o cronograma da implantação dos trólebus, vindo a cerca de um ano depois ser inaugurada a segunda linha, o chamado "Trólebus do Orquidário".


    • 1964, 03 de agosto: Inauguração da segunda linha, a 53 – Orquidário, via canal 3. Detalhe: até 1971 o trólebus, vindo do canal 3 (av. Washington Luiz) seguia pela rua Galeão Carvalhal, em direção à Praça da Independência, e depois seguia seu itinerário até o Orquidário, pela avenida Marechal Floriano Peixoto, e voltava por estas mesmas vias.
    Veja como era o primeiro itinerário da Linha 53 de trólebus:

    53 - ORQUIDÁRIO
    via Washington Luiz

    ida
    Rua Martim Afonso
    Rua João Pessoa**
    Rua da Constituição**
    Praça Padre Champagnat
    Rua Carvalho de Mendonça**
    Av. Washington Luiz
    Rua Galeão Carvalhal**
    Praça da Independência
    Av. Marechal Floriano Peixoto**
    Avenida Barão de Penedo
    Praça Washington (Orquidário)
    Ponto final na Av. Gal. Francisco Glicério, esquina com Pça Washington

    volta
    Av. Gal. Francisco Glicério, esq. com Praça Washington
    Av. General Francisco Glicério
    Rua Maranhão
    Av. Marechal Floriano Peixoto
    Praça da Independência
    Rua Galeão Carvalhal
    Av. Washington Luiz
    Rua Almeida de Moraes
    Rua da Constituição**
    Rua Bittencourt
    Rua Martim Afonso
    **na época essas vias eram de mão dupla

    • 1965, 05 de março: Inauguração da terceira linha: Linha 54 – Ferry Boat, via canal 3, partindo da rua Martim Afonso. Na época, toda a rede aérea da Epitácio Pessoa, Capitão João Salermo e Saldanha da Gama já estava instalada. Porém, a da Av Conselheiro Nébias ainda não. Para atender a população da Ponta da Praia, criou-se a linha 54, que utilizou provisoriamente uma subestação na avenida Dino Bueno. Assim que ficasse pronta a rede aérea da Conselheiro Nébias, a linha 54 seria transferida do canal 3 para essa avenida, o que ocorreu em abril de 1967, e a linha 54, que acabou sendo renumerada para “4”.

    O itinerário da Linha 54 de trólebus era assim:

    54 - FERRY BOAT
    via Washigton Luiz

    ida
    Rua Martim Afonso
    Rua João Pessoa**
    Rua da Constituição**
    Praça Padre Champagnat
    Rua Carvalho de Mendonça**
    Av.Washington Luiz
    Rua Embaixador* Pedro de Toledo**
    Av. Dr. Epitácio Pessoa**
    Av. Rei Alberto I
    Rua Capitão João Salermo
    Av. Almirante Saldanha da Gama
    Ferry Boat

    volta
     Av. Almirante Saldanha da Gama
    Rua Capitão João Salermo
    Av. Rei Alberto I
    Av. Dr. Epitácio Pessoa**
    Rua Embaixador* Pedro de Toledo**
    Av. Washington Luiz
    Rua Almeida de Moraes
    Rua da Constituição**
    Rua Bittencourt
    Rua Martim Afonso

    *hoje é rua Governador Pedro de Toledo
    **na época essas vias eram de mão dupla

    • 1966 - 24 de setembro: somente 17 trólebus (dos 50 adquiridos) são utilizados nas três linhas existentes (5, 53 e 54), em sistema de rodízio. Isso, devido ao atraso da implantação das linhas projetadas, como as da avenida Conselheiro Nébias. Nesta avenida, por haver os bondes, os trólebus ainda não poderiam ser instalados.

    BONDES E TRÓLEBUS NA CONSELHEIRO


    Um dos projetos que houve grande modificação foi a implantação dos trólebus na avenida Conselheiro Nébias. A ideia incial era bondes no canteiro central e trólebus nas laterais. Porém, com o tempo, decidiu-se pela erradicação dos bondes naquela avenida para ali implantar-se o canteiro central e os trólebus na avenida. A linha-tronco da Conselheiro Nébias demorou a ser instalada, pois era necessária a retirada da rede aérea dos bondes e ainda faltavam chegar a fiação e os postes de sustentação da rede aérea, fornecidas pela empresa SADE.

    As mudanças na avenida Conselheiro Nébias. A primeira foto é de 1966 e a última foto, em cores, foi tirada em 2003.

    A avenida de então não tinha canteiro central, pois justamente os bondes utilizavam uma faixa central na avenida (ainda em paralelepípedos). No projeto da nova Conselheiro Nébias, estava previsto a pavimentação total da avenida, com implantação do canteiro central, onde seriam implantados os postes de sustentação da iluminação pública e as hastes de sustentação da rede aérea dos futuros trólebus.


    OS BONDES CONTINUARIAM?


    Os bondes, no projeto, seriam mantidos na avenida Ana Costa, nos canais 1 e 2, nas avenidas da praia, Pedro Lessa e cais. Os trólebus, seriam implantados nos demais locais e na Zona Noroeste, com a ampliação e alargamento do antigo Caminho Matadouro, agora unificado como avenida Nossa Senhora de Fátima.

    • 1966, 21 de outubro: inauguração da linha 8 de trólebus, com ponto inicial na rua D.Pedro II. A linha atenderia o populoso e extenso bairro do Macuco, indo fazer ponto final, a princípio, até a rua Oswaldo Cochrane, próximo a Pedro Lessa. Os trólebus daquela linha já receberam pintura do SMTC, prata e vermelho, um pouco diferente da original de fábrica. Dos 50 trólebus adquiridos, apenas 25 eram utilizados, pois ainda não havia sido inauguradas todas as linhas. Em dezembro de 1967 a linha foi estendida até a Rua Conselheiro Lafayete, no Embaré (entre as ruas Oswaldo Cóchrane e Álvaro Alvim) e anos depois, em 27 de novembro de 1985 foi estendida até a praça Coração de Maria, e finalmente, em agosto de 1987, a linha 8 de trólebus chegou até o Ferry Boat.
    Inauguração da linha 8 de trólebus, cujo ponto inicial era na rua Dom Pedro II, próximo à João Pessoa

    O primeiro itinerário da Linha 8 de trólebus:

    8 - MACUCO
    via Silva Jardim

    ida
    Rua Dom Pedro II
    Rua João Pessoa**
    Rua Doutor Cochrane**
    Mercado Municipal
    Av. Campos Salles
    Rua República Portuguesa
    Rua Silva Jardim**
    Rua Xavier Pinheiro**
    Rua Batista Pereira
    Av. Conselheiro Rodrigues Alves
    Rua Almirante Tamandaré
    Rua Oswaldo Cochrane
    Rua Nabuco de Araújo
    Rua Greenhalgh
    Rua Comendador Alfaia Rodrigues - esquina com Oswaldo Cochrane

    volta
    Rua Oswaldo Cochrane
    Rua Almirante Tamandaré
    Av. Cons. Rodrigues Alves
    Rua Batista Pereira
    Rua Xavier Pinheiro**
    Rua Silva Jardim**
    Praça Iguatemi Martins
    Mercado Municipal
    Rua Bittencourt
    Rua Martim Afonso
    Av. São Francisco
    Rua Dom Pedro II

    **na época essas vias eram de mão dupla

    • 1966, 01 de dezembro: Início da erradicação das linhas de bondes da avenida Conselheiro Nébias. Em edital publicado no jornal A Tribuna, o S.M.T.C. informa sobre o fim dos bondes da avenida Conselheiro Nébias. Vale lembrar que esse edital serviu de referência para pesquisadores em bondes e trólebus, já que são citadas linhas de bondes e ônibus existentes na avenida, na época.
    Leia a transcrição do edital:

    SERVIÇO MUNICIPAL DE
    TRANSPORTES COLETIVOS

    AVISO AO PÚBLICO

    O Serviço Municipal de Transportes Coletivos avisa aos usuários e ao público em geral que, em decorrência do início das obras do canteiro central da avenida Conselheiro Nébias para a implantação do serviço de tróleibus, vê-se na contingência de tomar as seguintes medidas de emergência a respeito do tráfego de seus veículos à partir da próxima quinta-feira, DIA 1.º DE DEZEMBRO, e enquando perdurarem as citadas obras:

    I - SERVIÇO DE BONDES

    Supressão das linhas 4, 10, 29, 33, 44, 52 e 94. Com a retirada dos carros dessas linhas da avenida Conselheiro Nébias, todas as outras linhas remanescentes serão reforçadas, principalmente o tronco da avenida Ana Costa. Em conseqüência dessas medidas, as linhas que percorrem os troncos Pinheiro Machado, Bernardino de Campos, Eduardo
    Guinle, Senador Dantas e Pedro Lessa, servindo aos bairros do Marapé, Campo Grande, Cais e Macuco, respectivamente, serão substancialmente melhoradas.
    Assim é que as linhas 3, 16, 17, 19, 20, 23, 25, 34, 37, 39 e 42 operarão na freqüência
    média de 10 minutos. A linha 25 terá o seu itinerário prolongado até a Praça Senador Correia, ligando o Marapé ao Macuco via Cidade e Cais.

    II - Serviço de Ônibus
    As linhas 29 e 42, circulares, que percorrem a avenida Ana Costa, passarão a trafegar pela avenida Conselheiro Nébias, demandando a Ponta da Praia pela avenida Bartolomeu
    de Gusmão e permanecendo o restante do itinerário

    Assim, em dezembro de 1966, começou o remodelamento da avenida Conselheiro Nébias. As obras tiveram início no cruzamento com a rua Bittencourt, avançando em direção a praia. O aspecto da avenida de então - asfaltada lateralemente e canteiro central com trilhos duplos em faixa de paralelepídedos - foi mudando aos poucos. Primeiramente a instalação do canteiro central, e em seguida o posteamento. Ao final do ano de 1966 já havia a rede aérea do trólebus no primeiro trecho, entre o centro e a avenida Afonso Pena. Os trilhos dos bondes e parte dos paralelepídos só foram retirados alguns anos depois.
    • 1967, 09 de janeiro: Explosão em instalações do gasômetro de Santos, nos reservatórios (chamados de "Zeppelin") que ficavam no quarteirão formado pela rua Marechal Pêgo Junior, rua da Constituição, avenida Campos Salles e avenida Conselheiro Nébias.

    O INÍCIO PROVISÓRIO DE OPERAÇÃO DE TRÓLEBUS NA CONSELHEIRO DEVIDO À EXPLOSÃO DO GASÔMETRO


    O impacto da explosão do gasômetro naquela madrugada de segunda-feira foi sentida em toda a cidade. Vale lembrar que a central do gasômetro ficava no Valongo, próximo a Estação Ferroviária da São Paulo Railway. De lá, o sistema bombeava o gás para o reservatório da rua Pêgo Junior na madrugada. Após atingir a capacidade, o sistema de gás deveria ser aberto para distribuição para a cidade.
    Porém, aparentemente por falha humana, a tal abertura não ocorreu. Resultado: os 'Zeppelins' começaram a sofre sobre pressão até ocorrer a explosão, culminando com a destruição de casas no entorno, principalmente na rua da Constituição, onde havia inclusive a Igreja Coração de Jesus, cujo prédio ficou parcialmente destruído e sua estrutura comprometida (a igreja foi reconstruída anos depois na na Av. Bartolomeu de Gusmão).
    O trânsito na Constituição ficou impedido: justamente por onde passavam as linhas 5, 53 e 54 de trólebus. Com isso, provisoriamente, durante alguns dias os elétricos se utilizaram da recém instalada rede aérea da Conselheiro Nébias, que ainda estava sendo instalada, indo até a rua Xavier Pinheiro e dali continuariam seu itinerário normal entrando à esquerda, na Praça Padre Champagnat e em seguida à direita na rua Carvalho de Mendonça, alcançando o canal 3. Com a explosão dos reservatórios todo o sistema de distribuição de gás encanado em Santos ficou comprometido, encerrando portanto o sistema e os funcionários, depois, absorvidos pela então companhia de águas e esgotos.
    • 1967, 26 de janeiro: inauguração da linha 45 – Praça Visconde de Itaboraí, via Conselheiro Nébias. A rede aérea desta avenida foi primeiro instalada até a Avenida Afonso Pena. Somente nos meses seguintes foi instalado o restante (entre a Afonso Pena e a Praia), com então a criação da linha 44 e 4, esta última levando a extinção da linha 54 que fazia o percurso via canal 3.
    Veja como era o itinerário da primeira linha de trólebus da avenida Conselheiro Nébias:

    45 - PÇA VISC DE ITABORAÍ
    via Conselheiro Nébias

    ida
    Rua Dom Pedro II***
    Rua João Pessoa**
    Rua Conselheiro Nébias**
    Avenida Conselheiro Nébias
    Avenida Afonso Pena até o Canal 5

    volta
    Praça Visconde de Itaboraí
    Avenida Afonso Pena
    Avenida Conselheiro Nébias
    Rua Bittencourt
    Rua Martim Afonso
    Av. São Francisco
    Rua Dom Pedro II***

    **na época essas vias eram de mão dupla
    ***três meses depois o ponto inicial foi transferido para a Pça Mauá, juntamente com as linhas 4 e 44



    A DESCONHECIDA LINHA 45



    Em primeiro plano, o trólebus 45. Acima, dois trólebus da linha 5 no ponto final.
    Assim era o cruzamento da avenida Afonso Pena com o canal 5.


    Poucos se recordam que uma houve trólebus na avenida Afonso Pena. A linha 45 seguia do centro pela João Pessoa, entrava na Conselheiro Nébias e entrava diretamente à esquerda na Afonso Pena e dali seguia até o canal 5: Imagine nos dias de hoje um trólebus parado em pleno cruzamento das avenidas Conselheiro Nébias e Afonso Pena, aguardando pacientemente a conversão para entrar nesta avenida.
    No início dos anos 1970, houve uma grande reforma na Afonso Pena, pois havia trechos ainda estreitos, apesar dos imóveis já terem sido construídos visando tal alargamento, além de trechos com terra e areia, do canal 5 ao final da avenida. E ainda, havia entre o canal 5 e o canal do estuário muitos trechos ainda não pavimentados - naquela época não havia o Porto na parte onde hoje está a Avenida Portuária. Com a frota diminuindo, a linha 45 foi extinta em meados dos anos 1970.


    O trólebus 44: o primeiro a chegar até o final da Av. Conselheiro Nébias, no Boqueirão

    • 1967, 11 de Abril, Terça-feira: inauguração da linha-tronco de trólebus da avenida Conselheiro Nébias, começando pela linha 44, que seguia até próximo ao fim dessa avenida, entrava à direita na rua Heitor de Moraes (junto ao atual Carrefour, sucessor do Eldorado, inaugurado em 1972), entrava na Epitácio Pessoa e retornava pela rua Oswaldo Cruz, praia e de volta a Conselheiro. Tempos depois, a linha 44 foi estendida até a Praça Coração de Maria, na Ponta da Praia, seguindo um ramal da linha 4. Essa foi a primeira linha de trólebus a fazer o ponto na Praça Mauá.
    Veja como era o primeiro itinerário da linha 44 de trólebus:

    44 - BOQUEIRÃO
    via Conselheiro Nébias

    ida
    Praça Mauá
    Rua General Câmara
    Praça Rui Barbosa
    Rua João Pessoa**
    Rua Conselheiro Nébias**
    Avenida Conselheiro Nébias
    Rua Heitor de Moraes
    Rua Embaixador Pedro de Toledo
    Av. Dr. Epitácio Pessoa
    Rua Dr. Oswaldo Cruz
    Av. Bartolomeu de Gusmão
    Av. Conselheiro Nébias (próximo a av. Bartolomeu de Gusmão)

    volta
    Avenida Conselheiro Nébias
    Rua Bittencourt
    Rua Martim Afonso
    Av. São Francisco
    Rua Dom Pedro II
    Praça Mauá

    • 1967, 13 de Abril, Quinta-feira: inauguração da linha 4 de trólebus, dois dias depois da linha 44, ligando a Cidade à Ponta da Praia, via Conselheiro Nébias, sendo automaticamente extinta a linha 54, que seguia também para o Ferry Boat só que via Canal 3.

    O TRÓLEBUS 4


    A linha 4 de trólebus era a mais extensa e foi a mais importante e popular linha de trólebus de Santos, que hoje é servida por ônibus a diesel, seguindo praticamente o mesmo itinerário original. Por seguir por longos corredores, o trólebus nessa linha praticamente seguia por vias asfaltadas, portanto mais confortáveis ao usuário (nas outras linhas, como a 8 e das do canal 3 enfrentavam os paralelepípedos). Com o aumento do número de automóveis, a avenida Epitácio Pessoa, uma das principais vias da linha, teve mão única de direção nos anos 1970. Porém, o trólebus na contramão foi mantido, o que ocasionou sérios acidentes e atropelamentos. Chegou a ser implantada uma sirene, para avisar aos pedestres da chegada do trólebus no sentido contrário da Epitácio Pessoa. Somente no início dos anos 1980 é que os trólebus foram retirados da contra mão e transferidos para a avenida da Praia, no sentido Ponta da Praia - Conselheiro Nébias.
    O "4" passava por importantes pontos de interesse público, como o Hospital dos Estivadores, a Casa de Saúde, o INPS (depois, INSS), os clubes da Ponta da Praia e, claro, o Ferry Boat.
    Veja como era o primeiro itinerário da linha 4 de trólebus:

    4 - FERRY BOAT
    via Conselheiro Nébias

    ida
    Praça Mauá
    Rua General Câmara
    Praça Rui Barbosa
    Rua João Pessoa**
    Rua Conselheiro Nébias**
    Avenida Conselheiro Nébias
    Rua Heitor de Moraes
    Rua Embaixador Pedro de Toledo
    Av. Dr. Epitácio Pessoa
    Av. Rei Alberto I
    Rua Capitão João Salermo
    Av. Almirante Saldanha da Gama
    Ferry Boat
    Av. Almirante Saldanha da Gama

    volta
    Av. Almirante Saldanha da Gama
    Rua Capitão João Salermo
    Av. Rei Alberto I
    Av. Dr. Epitácio |Pessoa
    Avenida Conselheiro Nébias
    Rua Bittencourt
    Rua Martim Afonso
    Av. São Francisco
    Rua Dom Pedro II
    Praça Mauá
    • 1967, abril: Também a partir de abril de 1967 todos os trólebus passaram a incluir a Praça Mauá em seu itinerário, seguindo depois pela Praça Rui Barbosa e voltando para a rua Joáo Pessoa. Da João Pessoa, os trólebus seguiam para os respectivos bairros, sendo as linhas 5 e 53 entrando na rua da Constituição, as linhas 4, 44 e 45 entravam na Conselheiro Nébias e a linha 8 seguia pela rua Dr. Cochrane. Na praça Mauá faziam ponto final as linhas 4, 44 e 45.
    Cena comum na Praça Mauá


    • 1967, 1º de Maio: Último dia dos bondes 42, 3 e 34  fazerem ponto na Praça Mauá, pois a partir de 2 de Maio de 1967, os ônibus 29 e 42 passariam a fazer o ponto inicial no lugar dos bondes, na Praça Mauá. As três linhas de bondes passariam a fazer seus pontos iniciais na rua Augusto Severo, atrás da prefeitura.
    • 1967, Maio: Fato impossível para os dias de hoje: na época, os trólebus 4 e 5 seguiam pelos dois sentidos na Avenida Epitácio Pessoa, e o 5 pelos dois sentidos da rua Governador Pedro de Toledo (curiosamente na época chamada de rua EMBAIXADOR Pedro de Toledo), onde haviam placas com a inscrição: "Motorista - Atenção: Ônibus na Contra a Mão"


    O trólebus 40 estampou em rara foto colorida o Almanaque Santista de 1969 (acervo Hemeroteca Municipal)
      • 1967, 6 de Outubro: inaugurada a linha 40, ligando o Centro à praça da Independência, via Conselheiro Nébias. Posteriormente seu itinerário foi estendido até o Orquidário. Até 1971, a linha 40 seguia pela Conselheiro até a rua Embaixador (hoje Governador) Pedro de Toledo, seguindo nesta até o canal 3 e adiante na rua Galeão Carvalhal. Note que estas vias eram de mão dupla e depois foi adotado a mão única no sentido Ponta da Praia, portanto, os trólebus seguiam na contra mão durante algum tempo. Com o recapeamento e reurbaninzação da rua Azevedo Sodré (entre o canal 3 e a Ana Costa), os trólebus em 1971 começaram a seguir por esta rua, época da extinção dos bondes, evitando a contra mão na Galeão Carvalhal.

      • 1967, novembro: Em novembro fica pronta a rede áerea da Zona Noroeste, na avenida Nossa Senhora de Fátima. Havia uma frota de 50 trólebus italianos em operação na cidade, e para a implantação da nova linha havia o plano de importação de mais 25 unidades elétricas, além de uma subestação.


        OS TRÓLEBUS E A ZONA NOROESTE


        Rede aérea pronta na Zona Noroeste: nunca foi utilizada

        Desde julho de 1966, os moradores da área dos bairros próximo ao "Matadouro" ficaram sem a linha 1 de bondes, importante ligação para a região que começava a ser expandida.
        Então foi iniciada a implantação da rede aérea de trólebus na recém urbanizada avenida Nossa Senhora de Fátima. Os postes e rede aérea ficaram semelhantes aos da Conselheiro Nébias, em 1968. A previsão, era de importação de mais 25 trólebus para atender novas linhas, incluindo a ZN. Infelizmente, o projeto dos trólebus não foi à frente, e não chegou a ser inaugurada nenhuma linha de trólebus para a Zona Noroeste. Alguns anos depois, em registros fotográficos ainda via-se a rede aérea da avenida Nossa Senhora de Fátima instalada.
        Em meados de 1988, nos planos de expansão dos trólebus - como a implantação da linha 20 na Ana Costa, tentou-se novamente a instalação de linha de trólebus na Zona Noroeste. Começou então a preparação da instalação da rede aérea em direção ao Saboó, sendo instalados suportes. Mas, novamente o projeto de trólebus foi cancelado para a Zona Noroeste.
        • 1967, dezembro: a linha 8 de trólebus, que fazia ponto final na rua Comendador Alfaya Rodrigues é estendida até a rua Conselheiro Lafayete, no Embaré.
        • 1970, março: a frota do S.M.T.C. contava com 43 bondes, 43 trólebus e 114 ônibus em circulação na cidade, sem contar os que ficavam na garagem como carro reserva.
        • 1970, 30 de novembro: a linha 5 de trólebus passa a incluir a Praça da Independência em seu itinerário de ida.
        Trólebus em trecho pavimentado na rua Azevedo Sodré

        • 1970, 6 de dezembro, domingo: é inaugurada uma linha experimental de trólebus turístico, a linha 43. Esta linha foi criada naquela temporada de verão para levar turistas do Orquidário até o Ferry Boat e vice-versa, utilizando-se das redes aéreas já existentes. Funcionou até o mês de janeiro de 1971.
        • 1970, 7 de dezembro, segunda-feira: é ampliado o trajeto da linha 44 de trólebus, que fazia ponto final na Conselheiro Nébias. Com a nova expansão, foi criado um ramal na avenida dos Bancários, que terminava na Praça Coração de Maria, onde foi o novo ponto final. Curiosamente, 7 meses depois a expansão foi cancelada e a linha 44 voltou a fazer o ponto final no Boqueirão. Algum tempo depois novamente a linha voltou para o ponto da Praça Coração de Maria. Mudanças sem uma explicação lógica, aparentemente uma briga política.
        • 1970, 18 de dezembro: a linha 45 de trólebus passa a fazer ponto final na rua General Câmara, juntamente com a linha 8
        • 1971, Fevereiro: o fim dos bondes de Santos.


        O FIM DOS BONDES


        O bonde 37
        As dificuldades do S.M.T.C. provocavam constantes quedas da rede aérea dos bondes e trólebus. A falta de energia elétrica constante na cidade também paralisava as duas frotas elétricas. No centro, os veículos parados impediam o trânsito dos ônibus à diesel e automóveis, causando então uma indignação popular contra os elétricos.
        Por sua vez, o S.M.T.C. alegava que os bondes estavam arruinando a empresa. Sem investimentos e nem grandes manifestações populares, decidiu-se pela extinção gradativa dos bondes na cidade. Primeiramente os bondes não mais circulavam aos domingos e feriados. Foram sendo extintas as linhas de bondes e, em seu lugar, criadas linhas de ônibus com numeração semelhante (como as linhas 16 e 37). Em 13 de fevereiro de 1971 é extinta a popular linha 19 (Cais-Pedro Lessa) e no dia 27 daquele mesmo mês, seria o último dia das duas últimas linhas de bondes de Santos: a 17 e a 42. Já na madrugada do dia 28 de fevereiro de 1971 é recolhido à garagem o último bonde na linha 42.
        Foi o último grande sistema de bondes do país a ser extinto. Os trilhos dos bondes, porém ficaram durante muitos anos ainda sobre as ruas santistas, especialmente nas avenidas da praia, no Centro, na Vila Belmiro, Marapé e Campo Grande. Ainda hoje há resquícios de trilhos do antigo sistema de bondes no Centro, mas o atual sistema de bondes turísticos não pôde utilizar os trilhos antigos, e então tiveram que ser refeitos.

        Infelizmente, os bondes, desacreditados, foram extintos normalmente, com desinteresse da população de então, devido ao desinteresse da prefeitura em se ampliar e modernizar o sistema. O S.M.T.C. porém percebeu depois que os bondes não eram os vilões, e sim a má administração é que causava os prejuízos à companhia municipal.
        Poucos anos depois, com a crise do petróleo, os bondes foram lembrados como solução, mas era tarde demais: toda a frota havia sido destruída, à machadadas, restando pouquíssimos exemplares, que foram levados a escolas municipais para servirem de playground. Alguns outros foram doados a instituições de outras cidades.

        • 1972, 1º de fevereiro: entra em circulação um trólebus FIAT convertido a diesel, de prefixo 542, baseado em experiência com o mesmo tipo de veículos no Rio de Janeiro. Naquela cidade, toda a frota fora convertida. Em Santos, ficou somente no protótipo, que ficou em uso comercial durante anos, e causava surpresa ver um "trólebus" sem as alavancas e rodando em vias sem rede aérea.
        O símbolo do SMTC adotado no final dos anos 1960

        • 1976, 15 de março: extinção do S.M.T.C. - Serviço Municipal de Transportes Coletivos - empresa 100% municipal, que foi criada com o fim da City em 1951. Então foi criada uma nova empresa, a C.S.T.C. - Companhia Santista de Transportes Coletivos, pela Lei 4013, sendo uma empresa de economia mista.
        • 1977: dos 50 veículos modelo FIAT adquiridos no início da operação do sistema nos anos 60, restam apenas 37 em operação, sendo um modelo convertido para ônibus diesel.

        O trólebus 8 na rua Rua Dr. Cochrane em 1980

        • 1978, outubro: são extintas as linhas 40 e 53 de trólebus, por terem em seu trajeto a contra mão na avenida Marechal Floriano Peixoto, no Gonzaga. Os poucos trólebus remanescentes não eram suficientes para a manutenção dessas linhas, mesmo que se fossem implantadas as redes aéreas em vias alternativas para se chegar ao Orquidário.
        Trólebus na contramão em pleno Gonzaga
        •  1979: início dos trabalho de recuperação de 25 trólebus FIAT de Santos e modernização do sistema, graças a verbas obtidas em plano do governo federal, através da E.B.T.U. (Empresa Brasileira de Transportes Urbanos). O projeto envolvia não só a reforma e adquisição de  trólebus  nacionais, mas também a melhoria das ruas e avenidas por onde estes veículos circulariam. Com isso, diversas cidades do Brasil passaram a contar com trólebus. Em novembro é adquirido o primeiro trólebus nacional, fabricado pela Marcopolo de duas portas, com controle de tração Ansaldo. O trólebus roda experimentalmente, plenamente aprovado pela população, na linha 4.


        • 1980, 26 de janeiro: entrada em operação comercial do trólebus Marcopolo com prefixo 600. Na época haviam 4 linhas de trólebus em operação: 4, 5, 8 e 50. A linha 50 - Ferry Boat, via Canal 3 e Praça da Independência tinha itinerário semelhante a da extinta linha 54 de trólebus dos anos 1960, com a diferença que passava pela Praça da Independência na ida. Tempos depois foi extinta. Aos poucos, com a volta a operação dos antigos FIAT reformados e com a aquisição de novos trólebus Marcopolo foram reativadas antigas linhas extintas.
        Trólebus FIAT reformado


        • 1984, 10 de junho: reativação de 400 metros de linha de bonde na Avenida Bartolomeu de Gusmão, na praia do Embaré, para fins turísticos. O bonde, de prefixo 46, é restaurado para operação neste trecho. Os trilhos originais são reutilizados bem como o motor original. Após o sucesso inicial, com o tempo acabou ficando sem interesse público, pois a linha era muito curta e sem qualquer atrativo, além do próprio bonde. Cerca de um ano depois via-se o bonde no retorno em frente a Igreja do Embaré, parado e sob a ação do tempo. Logo foi deixada de opera, e o bonde, recolhido à garagem.
        • 1985, agosto: reativada a linha 44 de trólebus, cujo ponto final era a Praça Coração de Maria. Também naquele mês, foram reativadas as linhas do Orquidário - 40 e 53 - com a implantação da nova rede aérea na rua Euclides da Cunha, evitando assim a contramão na rua Marechal Floriano Peixoto, que havia ocasionado a extinção destas linhas em 1978.
        • 1985, novembro: a linha 8, que fazia ponto final na rua Conselheiro Lafayete (entre as ruas Oswaldo Cochrane e Álvaro Alvim, no Embaré) tem seu itinerário ampliado para a Praça Coração de Maria,na Ponta da Praia, juntamente com a linha 44.
        Trólebus Marcopolo prefixo 600

        • 1987, abril: naquele mês, a frota de trólebus de Santos era composta por 32 veículos, sendo: 24 FIAT e 7 Marcopolo, e mais o protótipo, de prefixo 600.
        • 1987, agosto: a linha 8 de trólebus é ampliada, e seu ponto final é alterado da Praça Coração de Maria para o Ferry Boat. O então prefeito Oswaldo Justo, entusiasta pelos trólebus, começa um plano de expansão das linhas de trólebus, incluindo a eletrificação da linha 20 (avenida Ana Costa), a expansão para os canais 1 e 2, e a criação de uma linha para a Zona Noroeste, além da ideia de aquisição de 10 trólebus fabricados pela Mafersa, a mesma que construiu os carros do Metrô de São Paulo. Porém, dos 10 novos trólebus planejados apenas 6 foram realmente adquiridos.  
        • 1988, 26 de janeiro: Entrada em operação de 6 novos trólebus Mafersa Villares com estrutura monobloco, e também entra em operação a linha 20 - Praça da Independência, via Ana Costa, que antes era servida por ônibus comuns. Para a criação da linha 20 eletrificada foi necessária a implantação da rede aérea em toda a avenida Ana Costa. Os suportes de sustentação da rede, de formato curvo, novos, foram encomendados idênticos àqueles instalados nos anos 1960.  


        OS VALENTES MAFERSA


        Os trólebus Mafersa receberam os prefixos 2005, 2015, 2025, 2035, 2045 e 2055. De fábrica recebeu uma moderna pintura "revisitada" da simplista creme-vermelho na então frota da C.S.T.C. Os 6 carros encomendados e que entraram em operação no dia 26 de janeiro de 1988 são exatamente os mesmos que circulam hoje na atual e única linha de trólebus de Santos, a 20. Receberam depois nova pintura alguns anos depois, e que é mantida até hoje, mesmo com os demais ônibus da frota da Piracicabana terem outro tipo de padrão. Mereciam um selo do tipo "verde" ou "frota ecológica" e são a prova da grande durabilidade de um trólebus - são 23 anos em operação!

        • 1992: O trólebus Marcopolo prefixo 600 tem seu conjunto de tração substituído por um novo, de fabricação Asea Brown Boveri. Operavam as linhas de trólebus 4, 5, 8, 20, 40 e 53. Naquele ano foi inaugurado Terminal do Valongo, para integração de linhas de ônibus - somente diesel - que ligam a Zona Noroeste de Santos às demais regiões. Trólebus são utilizados na linha 30 de ônibus, com ponto final na Praça José Bonifácio.
        O FIAT e o MAFERSA em rara foto do início dos anos 1990

        • 1993, setembro: São retirados de operação 13 trólebus FIAT, que haviam sido adquiridos em 1963 e reformados de 1979 a 1983. Então, são transformadas em linhas a diesel as linhas 5, 8, 40 e 53, restando somente as linhas 4 e 20 de trólebus, servidas pelos restantes 8 trólebus Marcopolo e mais 6 trólebus Mafersa.
        • 1996: Desativação dos 11 trólebus Fiat restantes e mais 7 trólebus Marcopolo adquiridos nos anos 80, permanecendo apenas uma linha em operação, a linha 20.
        Trólebus FIAT, no pátio aguardando o Leilão


        • 1996: a CSTC tenta leiloar 47km de fiação e todos os trólebus FIAT e os Marcopolos, com exceção do Marcopolo 600.  
        • 1998: No segundo ano do primeiro mandato do prefeito Beto Mansur, o transporte coletivo é entregue à Viação Piracicabana, incluindo os 6 trólebus Mafersa e o Trólebus Marcopolo. 1999, Maio: Um antigo trólebus FIAT, que foi transformado em diesel e operava como Biblioteca Volante é levado ao pátio da Escola Municipal Gota de Leite, que fica na Avenida Conselheiro Nébias. Ele tinha prefixo 532 na numeraçáo antiga e com a reforma de 1980, ganhou nova numeração de número 645 e antiga placa WW0228. Curiosamente ele está relacionado entre os que foram destinados ao leilão de 1996, mas, por não ter sido arrematado, deve ter sido convertido à diesel e transformado em biblioteca, ainda no governo Capistrano.

        O bonde turístico de Santos é um sucesso

        • 2000, 23 de setembro: Inauguração do Linha Turística de Bondes no centro de Santos, sendo implantada uma linha com um bonde remanescente do antigo sistema de Santos. Em um pequeno trecho na rua General Câmara, ocorre um fato exclusivo da cidade, em todo o Brasil: trólebus e bonde circulando lado-a-lado. Essa cena só havia sido vista no período entre 1967 entre abril e maio, quando as recém inaguradas linhas 44 e 4 faziam ponto final na praça - no mesmo local de hoje e algumas linhas de bondes também faziam ponto em outro local na praça, exatamente junto ao abrigo de bondes onde hoje o bonde turístico também faz seu ponto inicial.
        • 2001: A única linha em operação, Praça Mauá - Praça Independência, opera com frota de um veículo modelo Marcopollo/Villares e 6 veículos Mafersa/Villares.

        Trólebus Mafersa na Praça da Independência em 2003


        • 2004: Uma foto de um antigo trólebus FIAT santista é divulgada no site Toffobus. O trólebus, de prefixo 625 encontrava-se num sítio, em Conchal Paulista, SP. aparentando bom aspecto e ainda as cores da antiga administração do governo David Capistrano.
        • 2005, janeiro: A linha 20 - Praça Mauá - Praça da Independência, opera com frota de 6 veículos Mafersa/Villares. O trólebus FIAT/Pistoiese que estava no páteo da EMEF Gota de Leite vai para as oficinas da CSTC/CET e tem possibilidade de ser restaurado e reincorporado à frota
        • 2006: a preservação do trólebus de Santos ganha importante reforço com o projeto do historiador Waldir Rueda de se tombar todo o sistema de trólebus de Santos. A ideia ganha notoriedade na mídia regional e nacional, o que acaba por divulgar a importância que os trólebus tiveram e tem na cidade de Santos.

        Trólebus FIAT na garagem da Vila Mathias em 2007


        • 2008: a prefeitura acena com a possibilidade de se criar uma linha turística de trólebus, para levar os turistas e moradores desde a Praça da Independência até a Praça Mauá, onde está o ponto de embarque dos bondes de Santos. Dois veículos Mafersa são preparados para tal, mas a iniciativa não é levada adiante.
        • 2008, setembro: os trólebus passam a fazer ponto na Praça Rui Barbosa, devido as obras na Praça Mauá para ampliação do sistema de bondes.


        Trólebus em ponto final na Praça Rui Barbosa, em 2008
           
        • 2009, junho: a carroceria do antigo trólebus FIAT que funcionou como Biblioteca Volante permanece na garagem da prefeitura, na Vila Mathias, ainda sem definição de um futuro como peça de museu estático ou circulante. O autor deste site tem acesso ao trólebus, em visita a garagem
        • 2009, 28 de abril: Os trólebus voltam a fazer ponto final na Praça Mauá, com a inauguração da ampliação do bonde turístico. Por um longo trecho os trólebus e bondes circulam lado a lado com a nova linha de bondes.
        Trólebus e bonde, lado-a-lado: exclusividade da cidade de Santos, no Brasil

        Detalhe da rede aérea do trólebus e bonde, lado a lado. Na praça Mauá eles trocam de lado


        • 2009, outubro: um trólebus Mafersa de prefixo 5306 incendeia-se em sua parte traseira, em plena operação na avenida Ana Costa.


        • 2010, abril: o trólebus 5306 volta a operação, após recuperação depois do incêndio de outubro.

        O 5306, novinho em folha, recuperado após o incêndio

        • 2010, agosto: os 47 anos de trólebus de Santos são lembrados pela TV Tribuna (afiliada a Rede Globo) em ampla matéria exibida no Jornal da Tribuna, 1a. edição. O jornal A Tribuna também  lembra a data, falando sobre o trólebus turístico ainda não implantado pela prefeitura.

        • 2011, julho: O prédio da antiga garagem de bondes e trólebus, na Vila Mathias poderá abrigar uma sede da USP em Santos. Justamente onde atualmente encontra-se o que restou do último trólebus FIAT, ainda de futuro incerto.



        • 2012, 20 de agosto: os trólebus 5305 e 5306, após reforma, voltam a operar na linha 20 com nova pintura, que estampam pontos históricos de Santos





        • 2013, 31 de janeiro: o único trólebus Fiat, fabricado na Itália e que fez parte da frota inicial dos trólebus de Santos em 1963 é deixado no pátio da C.E.T. sob a ação do tempo. A cena pode ser vista da rua João Éboli, na Vila Matias.




        • 2016: iniciam-se as obras do VLT da Baixada Santista no cruzamento com a avenida Ana Costa. Devido a instalação dos trilhos, o tráfego é desviado, impossibilitando a circulação dos trólebus de Santos. Posteriormente, a instalação dos cabos dos VLT's fazem com que a fiação dos trólebus seja isolada até que sejam instalados os equipamentos que possibilitem o cruzamento entre os dois modais
        • 2017, 20 de abril: iniciam-se os trabalhos de instalação dos equipamentos que vão possibilitar o cruzamento das redes aéreas do trólebus e VLT. Inicialmente, apenas o VLT cruza a rede com os novos equipamentos. A próxima etapa é religar a rede dos trólebus
        • 2017 , agosto: - com o fim das obras de implantação do cruzamento da rede aérea do VLT com a rede de trólebus, voltam a circular os trólebus de Santos.

        DIAS ATUAIS


        Os 6 Mafersa revisados, estão em circulação e



        Neste ano de 2018, os trólebus fabricados pela Mafersa em 1987 completam 26 anos em operação. Ou seja, já tem mais tempo de vida do que os primeiros FIAT antes da reforma, ou seja, de 1963 a 1980 foram 17 anos em operação, sem reforma.

         O que demonstra a durabilidade bem maior de um trólebus do que de um ônibus comum.

        Conheça o itinerário da Linha 20 (atualmente intercalada com trólebus e veículos a diesel e elétricos):

        CIRCULAR 20
        Praça da Independência
        ida:
        Praça Mauá
        Rua General Câmara
        Praça Rui Barbosa
        Rua Frei Gaspar
        Pça. José Bonifácio
        Avenida Senador Feijó
        Avenida Rangel Pestana
        Av. Dona Ana Costa
        Praça da Independência

        volta:
        Praça da Independência
        Av. Dona Ana Costa
        Rua Júlio de Mesquita
        Rua Brás Cubas
        Praça José Bonifácio
        Rua Brás Cubas
        Rua General Câmara
        Praça Mauá

        HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO DA LINHA 20 COM TRÓLEBUS:
         de 2a. a 6a. feira, até as 20:00 e, aos sábados até às 14:00



        GARAGEM:
        Os trólebus ficam estacionados na Garagem da Empresa Piracicabana, no final do canal da Avenida Francisco Manoel, no Bairro do Jabaqaura, ao lado da Santa Casa de Santos.

        Trólebus de Santos cruzando a rede aérea do VLT (Foto: Emilio Pechini, setembro de 2017)


        PÁGINA ATUALIZADA EM 17/04/2018

        Um comentário:

        1. É uma pena que aqui em Araraquara SP, fizeram, bateram o pé, fizeram das tripas coração para retirar o serviço de troleibus da cidade. Araraquara era destaque Mundial por 3 coisas:
          As ferrovias, o futebol da Ferroviária e os ônibus elétricos.
          Acabaram com estas 3 coisas.
          Agora Araraquara é uma cidade como qualquer outra.

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