quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Trólebus de Santos, 47 anos: Histórico e Perspectivas


12 de Agosto de 1963 é a data que marca o início das operações da primeira linha de trólebus de Santos. Autoridades e populares assistiram a festa de inauguração, curiosos para ver o que seria a mistura de bondes com ônibus, na rua Martim Afonso no centro de Santos, assistiram a festa de inauguração da pioneira linha 5.

Na época, Santos tinha mais de uma centena de bondes circulando, e dezenas de ônibus também. Os bondes tinham tarifa mais baixa e, além de tradicionais, eram os preferidos da população. A ideia dos trólebus para Santos veio do sucesso do sistema implantado em São Paulo, SP. Na capital paulista, os trólebus foram implantados em 1949, inclusive entre 1963 e 1969 a própria CMTC (Companhia Municipal de Transportes Coletivos) paulistana passou a fabricar seus próprios trólebus.

A prefeitura importou 50 trólebus fabricados pela FIAT italiana. Em junho de 1963 o Porto de Santos recebeu o primeiro lote de 5 veículos e posteriormente a frota foi se completando.
Após a inauguração em 1963 da primeira linha, no ano seguinte foi criada a segunda, de número 53, conhecida por "Trólebus do Orquidário". Em 1965 foi inaugurada a linha da Ponta da Praia, a 54.


TRÓLEBUS OCIOSOS ATÉ 1966



Problemas com importação de equipamentos e implantação da rede aérea dificultaram novas inaugurações: apenas 17 trólebus eram utilizados até 1966, e os 33 restantes ficavam na garagem por falta de linhas. Na época, evitava-se ao máximo a coexistência trólebus+bondes na mesma via: ambos utilizavam fiação elétrica aérea, porém diferentes e incompatíveis, ou seja, onde havia bondes não podia haver trólebus. 

Os bondes reinavam absolutos pela avenidas da Praia, Ana Costa, Conselheiro Nébias, Cais, Canais 1, e 2. Para os trólebus restaram as ruas e avenidas sem bondes. Então, a avenida Washington Luiz - o Canal 3 foi a via escolhida para ser a ligação entre o centro à região da Orla nas três primeiras linhas de trólebus de Santos.



DIMINUIÇÃO DE LINHAS DE BONDES PARA A CRIAÇÃO DE NOVAS LINHAS DE TRÓLEBUS




Para a expansão das linhas de trólebus algumas linhas de bondes foram extintas. Com isso, em outubro de 1966 foi inaugurada a quarta linha, a 8. O chamado Trólebus do Macuco, englobou linhas de bondes que seguiam para o Mercado, a Vila Macuco e a Bacia do Macuco. Também em 1966, em dezembro, as linhas de bondes foram retiradas de toda a extensão da avenida Conselheiro Nébias. Com isso os bondes que antes operavam nas linhas 4, 10, 29, 33, 44, 52 e 94 seriam transferidos para outras linhas que permaneciam, reforçando principalmente o tronco da avenida Ana Costa.

Assim, em 1967 deu-se início a implantação da linha tronco de avenida Conselheiro Nébias. Naquele ano foram finalmente inauguradas 4 linhas de trólebus, podendo assim serem utilizados todos os trólebus, deixando apenas alguns trólebus na garagem como reserva. As novas linhas de trólebus da Conselheiro foram as seguintes:
- 45: Centro - Conselheiro Nébias, Afonso Pena até o Canal 5
- 44: Centro - Conselheiro Nébias até o Boqueirão.
- 4: Centro - Conselheiro Nébias, Ferry Boat, via Epitácio Pessoa. Com a inauguração da linha 4, foi extinta a linha 54.
- 40 - Centro - Conselheiro Nébias - Orquidário.



O DECLÍNIO DOS BONDES E TRÓLEBUS



Em 1967 os trólebus estavam a plena carga e haviam planos para expansão do sistema para a Zona Noroeste. Os bondes também cumpriam seu papel, sendo diversas unidades reformadas. Mas, com a perda da autonomia política de Santos, os trólebus e principalmente os bondes sofreram um grande declínio a partir de 1968. A partir dali, acabou-se a expansão de novas linhas, e até mesmo a fiação que havia sido instalada na avenida Nossa Senhora de Fátima (foto) ficou sem mesmo ser inaugurada dando fim ao projeto de trólebus na Zona Noroeste O SMTC enfrentava uma grave crise, culminando com falta de manutenção na fiação dos trólebus e bondes, causando acidentes e quedas de rede, paralisando trólebus e causando engarrafamentos. Por outro lado, a prefeitura santista passava a adquirir grande número de ônibus.
Curiosamente, em dezembro de 1970 implantou-se uma linha turística de trólebus, ligando o Orquidário ao Ferry Boat, funcionando apenas aos domingos daquele mês mas logo foi cancelada.

Em 1971, os bondes foram extintos.

Em 1972, um trólebus foi convertido a diesel. Ao longo dos anos 1970 os trólebus italianos foram ficando sucateados, e muitas linhas foram extintas ou transformadas em ônibus comuns.

Em 1973 veio a crise do petróleo: os bondes, se não tivessem sido extintos provavelmente continuariam circulando. Os trólebus escaparam da extinção.



REVITALIZAÇÃO DOS TRÓLEBUS



No final dos 1970 o governo brasileiro criou um programa para implantação e renovação do sistema de trólebus. Santos foi beneficiada, com a reforma de 25 trólebus italianos restantes e a aquisição de novas unidades, nacionais. Com isso, foram recriadas linhas anteriormente extintas, como a 8 e a 53. Em 1987, 6 trólebus nacionais fabricados pela Mafersa foram comprados pela então CSTC (Companhia Santista de Transportes Coletivos), e em 1988 a linha 20 de ônibus foi eletrificada, com a implantação da rede aérea na Avenida Ana Costa.


NOVO DECLÍNIO NOS ANOS 1990



Nos anos 1990 novamente um novo declínio: os 25 trólebus italianos e diversos trólebus brasileiros adquiridos no início dos anos 1980 foram retirados de circulação em 1993: com isso, quase todas as linhas de trólebus de Santos foram extintas, restando apenas as linhas 4 e 20.

Em 1996, a linha 4 deixa de operar com trólebus, restando apenas a linha 20, em operação com 7 trólebus, sendo 1 fabricado pela empresa Marcopolo e 6 unidades Mafersa.



HOJE: TOMBAMENTO DOS TRÓLEBUS E POSSÍVEL LINHA TURÍSTICA



A importância histórica dos trólebus levou o historiados Waldir Rueda a solicitar o tombamento do sistema de trólebus de Santos em 2006. O processo chegou a ser arquivado, mas em 2009 o historiador solicitou o desarquivamento, e neste ano tornou-se inquérito civil.

Por sua vez, a Prefeitura de Santos anunciou que pretende criar uma linha turística de trólebus.
A linha - que utilizaria os mesmos veículos e percurso da linha 20, irá levar turistas e moradores do Gonzaga até a Praça Mauá, no centro, local de onde partem os bondes turísticos. Com isso, haverá uma integração trólebus-bonde.


TRÓLEBUS DE SANTOS - PERSPECTIVAS



Nos últimos 22 anos não se adquiriu mais nenhum novo trólebus em Santos. Os 6 veículos Mafersa que atendem a única linha de trólebus de Santos são os mesmos que inauguraram a então nova linha 20 em 26 de janeiro de 1988. As redes aéreas das linhas extintas não existem mais, restando apenas alguns suportes espalhados pela cidade, mas que não possibilitam a imediata volta dos trólebus.

Mas a implantação de novas linhas é algo que  melhoraria sensivelmente o transporte coletivo de Santos, do ponto de vista do passageiro:

- o trólebus, vale lembrar tem emissão zero de poluentes. Por si só, poderiam estampar uma bela pintura lembrando a todos que são veículos ecológicos.

- pela sua característica de motor elétrico, o passageiro tem uma viagem mais confortável do que nos ônibus comuns.

- uma rede aérea com manutenção em dia não provoca o desprendimento das alavancas que coletam a energia elétrica.

- a durabilidade de um trólebus é muito maior do que um ônibus comum. Os trólebus atuais de Santos estão há mais de duas décadas circulando.



IDEIAS PARA O TRÓLEBUS TURÍSTICO




 A linha 20 poderia ser "esticada" até o Orquidário, criando-se uma ligação entre os passageiros do bonde até a famosa atração turística, que atualmente encontra-se em reforma. Para isso, basta implantar nova rede aérea ligando a Praça da Independência até a Praça Washington. Seria uma ideia para incrementar ainda mais o projeto do Trólebus Turístico.

Outra ideia para o trólebus turístico seria estender a linha 20 até a Praia, junto ao Bonde fixo que serve de posto de informações turísticas, e ficaria junto com as linhas turísticas dos Seletivos. Numa outra etapa, levar o trólebus turístico até o Aquário, o ponto turístico mais visitado de Santos - e o segundo mais procurado pelos turístas no estado de São Paulo.

Para isso, novos trólebus terão que ser adquiridos.



Hoje, Santos conta com este meio de transporte confortável e não poluente. Há apenas um linha, a 20, que liga o Centro ao Gonzaga, via Ana Costa. Prestigie este transporte coletivo.


Boa Sorte aos Trólebus de Santos! 
12 de Agosto de 2010 - 47 anos em operação

2 comentários:

  1. Excelente postagem Emilio. A idéia é fazer uma divulgação e conscientização dos trólebus em Santos. Existe a idéia do Passeio Solidário de Trólebus na qual o objetivo são os mesmos. A idéia além de estender o trajeto até o Aquario seria estender até o Ferry-Boat e na volta ao centro fazer com que a linha de trólebus passe pela avenida da praia até a Av. Ana Costa.

    ResponderExcluir
  2. Olá, tenho 30 anos e moro no Grajaú; eu tenho certeza que, infelizmente, 8 anos se passaram e os trólebus em geral, que operavam os bairros das zonas norte, sul e oeste, estão cada vez mais parados e até podres nas garagens das empresas. Até hoje a maioria dos trólebus só circulam os bairros das zonas central e leste e nos outros bairros em geral só circulam os ônibus movidos ao óleo diesel normal e poluente; a grande parte da população está morrendo vítima de problemas respiratórios e os pulmões estão cheios de fumaça do óleo diesel. Por isso nós preferimos encher os nossos olhos de fios aéreos que se instalam nos postes aéreos do que encher os nossos pulmões de fumaça do óleo diesel que causa as graves doenças nos nossos pulmões, porém, os políticos, os governadores e os prefeitos não estão nem aí com essa providência que está sendo tomada por todas as pessoas devido as questões, as discussões e até as burocracias polêmicas e por isso até hoje esses projetos dos trólebus que circularão os 96 os bairros distritais e periféricos da cidade de São Paulo não saíram do papel. Nós estamos todos indignados com essa situação e queremos que os trólebus voltem a circular os bairros das zonas norte, sul e oeste e, além dos bairros das zonas central e leste, coloquem e implantem os trólebus nas linhas das empresas de ônibus 1 (verde claro), 2 (azul escuro), 3 (amarelo claro), 4 (vermelho claro), 5 (verde escuro), 6 (azul claro), 7 (vermelho escuro), 8 (laranja) e 9 (cinza) em 96 bairros distritais e periféricos da cidade de São Paulo e também em todos os terminais de ônibus, principalmente nos terminais Grajaú e Varginha. Vamos todos cobrar dos políticos, dos governadores e dos prefeitos. Se a providência não for tomada com a urgência e nem sair do papel, todos nós ficaremos cada vez mais tristes com essa situação; mas, se ela for tomada com a urgência e sair do papel, aí sim que todos nós ficaremos alegres e gratos.

    ResponderExcluir

MODERAÇÃO DE COMENTÁRIOS ATIVADA. Comentários poderão não ser publicados, a critério do autor (como, por exemplo, texto ofensivo e/ou citando terceiros) Atenção: comentários que contenham links, e-mail, endereços ou telefones não serão publicados.

Este blog é mantido parcialmente através de anúncios gerenciados pelo Google, UOL e Lomadee.